18/07/2012 | ORÇAMENTO PÚBLICO
            
            Congresso aprova LDO e proíbe execução de investimentos sem lei orçamentária 
             Depois de duas semanas de incertezas e disputas políticas, o Congresso 
aprovou na noite desta terça-feira (17) o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2013, 
com as regras que deverão orientar a elaboração e a execução do próximo 
Orçamento. A proposta vai agora para sanção presidencial.
O parecer final do relator, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), foi 
mantido em suas linhas gerais no último dia de votação. A principal novidade é a 
exclusão do dispositivo que autorizava a execução de investimentos públicos 
mesmo que a lei orçamentária não fosse aprovada no ano pelo Congresso. A 
execução provisória dos investimentos estava prevista no projeto enviado pelo 
governo.
Confira os principais pontos aprovados.
O texto 
privilegia a transparência das informações orçamentárias na internet. Entre as 
medidas acrescentadas pelo senador está a exigência de as estatais, autarquias e 
fundações públicas divulgarem dados sobre os salários dos funcionários. Também 
há a exigência de as secretarias estaduais e municipais de saúde registrarem, no 
Banco de Preços em Saúde (BPS), as compras de medicamentos feitas com recursos 
federais. O BPS é um sistema de acompanhamento de custos de produtos comprados 
pelo governo federal.
O projeto sai do Congresso com um anexo de metas e prioridades para o próximo 
Orçamento, elaborado com base em emendas parlamentares, e com custo estimado de 
R$ 10,6 bilhões. O texto da LDO chegou ao Congresso sem o anexo, uma exigência 
da Constituição.
Negociações
A votação do parecer só foi possível depois 
que a oposição fechou um acordo com o governo, intermediado pelo relator e pelo 
presidente da Comissão Mista 
de Orçamento, deputado Paulo Pimenta (PT-RS). As conversas tomaram forma 
no fim da noite de segunda-feira (16) e foram aprofundadas em reuniões na manhã 
desta terça.
O presidente da Câmara, Marco Maia, deu a palavra final ao acordo, ao apoiar 
o relator na principal modificação pedida pela oposição. Com isso, o senador 
Valadares acolheu uma emenda do PSDB proibindo o Executivo de executar 
livremente investimentos do PAC e das estatais, em 2013, na ausência de lei 
orçamentária.
O próprio relator concordou com a reivindicação. Segundo ele, a redação 
original rebaixava o papel do Legislativo na definição dos gastos públicos. O 
receio era que a liberdade de execução provisória desestimulasse o governo a 
aprovar a proposta orçamentária no Congresso. “As nossas prerrogativas têm que 
ser mantidas. Vamos nos esforçar para aprovar o Orçamento no prazo”, afirmou 
Valadares.
No total, o senador acolheu oito sugestões do PSDB e DEM, que foram 
apresentadas na forma de um adendo ao parecer final. O relator elogiou a postura 
da oposição durante as negociações. Segundo ele, “em nenhum momento houve 
radicalização”.
Cenário
O texto aprovado nesta terça prevê salário mínimo 
de R$ 667,75, contra os atuais R$ 622. Os investimentos do PAC vão somar R$ 45,2 
bilhões no próximo ano, um crescimento de R$ 1 bilhão frente a 2012.
A meta de superavit 
primário foi fixada em R$ 155,9 bilhões para o setor público consolidado, 
sendo R$ 47,8 bilhões de responsabilidade de estados e municípios. A meta poderá 
ser reduzida em até R$ 45,2 bilhões, relativos a investimentos que a LDO 
considera prioritários (PAC, Plano Brasil Sem Miséria, e Anexo de Metas da 
LDO).
Os números do cenário econômico previsto pelo governo – como crescimento de 
4,5% em 212 e 5,5% em 2013 – deverão ser revistos na proposta orçamentária que 
chega em agosto, pois estão desatualizados.
Emendas
Um dos pontos de maior interesse de deputados e 
senadores foi incluído pelo relator somente no adendo apresentado nesta terça. O 
texto proíbe o Executivo de estabelecer limites mínimos para celebrar convênios 
com estados e municípios. Atualmente, os ministérios vêm se recusando, com base 
em um decreto presidencial, a executar emendas individuais com valores 
inferiores a R$ 100 mil, ou quando o repasse da União é inferior a R$ 250 
mil.
Os parlamentares alegam que a medida prejudica pequenas obras nas cidades, 
como a reforma de um posto de saúde ou compra de um ônibus escolar. O relator 
determinou apenas que os empenhos inferiores a R$ 100 mil tenham um 
“procedimento específico”, a ser definido pelo governo federal.