11/11/2013 | POLÍTICA
POLÍTICOS 'FICHAS-SUJAS' APOSTAM EM PARENTES PARA MANTER O PODER
Impedidos de disputar as eleições no próximo ano, políticos
enquadrados na Lei da Ficha Limpa têm um plano B: muitos deles tentarão eleger
parentes e afilhados ao Legislativo em 2014.
Até quem diz que estará na disputa -todos ainda poderão brigar na Justiça para
participar do pleito- já prepara algum herdeiro para o caso de ter a
candidatura barrada.
Em geral, os sucessores são jovens e disputarão
a primeira eleição. Formado em direito, Pedro Cunha Lima, 25, filho do senador
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), tentará vaga na Câmara dos Deputados.
"Sempre cultivei o sonho de me tornar
professor, mas percebi que posso contribuir com a Paraíba", disse Pedro.
Cássio Cunha Lima foi cassado quando era
governador da Paraíba e está inelegível até o próximo ano. Eleito senador em
2010, só foi empossado no ano seguinte após o Supremo Tribunal Federal definir
que a Lei da Ficha Limpa não teve validade para aquela eleição.
A regra que torna os políticos
"fichas-sujas" inelegíveis começou a valer nas eleições municipais de
2012 e será aplicada pela primeira vez em 2014 nas disputas para presidente,
governadores, deputados e senadores.
Pela lei, não podem se candidatar políticos
condenados em decisão final, quando não cabem recursos, ou colegiada -mais de
um juiz. Também fica impedido quem teve contas rejeitadas, mandato cassado ou
renunciou para escapar de cassação.
A legislação não impede que parentes de
"fichas-sujas" participem das eleições. Em 2012, alguns desses
políticos que elegeram afilhados acabaram integrando as gestões ou mesmo
exercendo os mandatos na prática.
"Seria um grande avanço se essas pessoas
[com ficha suja] fossem proibidas de participar da administração", diz o
juiz Márlon Reis, um dos autores da Lei da Ficha Limpa.
Em Rondônia, parentes do deputado Natan Donadon
(ex-PMDB) e do senador Ivo Cassol (PP) preparam-se para seguir os padrinhos,
que tiveram mandato preservado mesmo após condenados pelo STF, mas estão
inelegíveis.
Preso há cinco meses, Donadon espera eleger o
sobrinho Junior, 36, deputado federal. Donadon foi condenado a mais de 13 anos
de prisão por desvio de recursos do Legislativo estadual.
Cassol, condenado a mais de quatro anos em regime semiaberto por fraude em
licitações, quer ver a filha Karine, 23, na Assembleia de RO.
GERAÇÕES
Condenado no julgamento do mensalão, o
ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) prepara a volta do filho Fábio Corrêa Neto,
41. Advogado afastado da vida pública desde 2000, quando foi deputado estadual,
Fábio poderá disputar para deputado federal.
Também trabalham para eleger sucessores o
deputado federal João Pizzolatti (PP-SC) e o estadual José Riva (PSD-MT), ambos
condenados por improbidade administrativa, e o ex-senador Expedito Júnior
(PSDB-RO), cassado por compra de votos, mas com esperança de reverter a
decisão.
"É lógico que sou candidato, não há nada
que possa impedir. Mas estou preparando meu filho para o Congresso, caso haja
impedimento para a gente", disse Expedito.