01/04/2013 | POLÍTICA
Atraso no repasse e inexistência de recursos para combater a seca são dificuldades na maioria dos municípios baianos
“Estou quase entregando a chave da prefeitura para o Ministério Público
administrar o município”, falou o prefeito de Planaltino, José Carlos Gomes
Nascimento, nesta terça-feira (26/03) no evento realizado pela UPB. O encontro
para capacitação de gestores relacionada à questão da seca, parceria UPB/Defesa
Civil do Estado, reuniu prefeitos e prefeitas dos municípios em estado de
emergência devido à estiagem.
Com a situação cada vez mais agravada
devido à falta de chuva, prefeitos e prefeitas têm enfrentado diariamente a
insuficiência de recursos para atender as demandas que os municípios apresentam.
Pelos corredores e plenário da UPB, esta foi a maior dificuldade apresentada
pelos gestores quando o assunto é a seca e suas consequências no
município.
A lentidão nos repasses e até da inexistência de recursos
tornam os gestores impotentes frente à necessidade da população e do rebanho nos
municípios. Entre os presentes ao evento o prefeito de Ouriçangas, Givaldo da
Paixão Santos, afirmou que o município não tem recebido recurso e por isto, vem
mantendo o abastecimento com carros-pipas através de recursos
próprios.
No município de Brotas de Macaúbas, a prefeita Cristina Sodré
Lima, lista as dificuldades. O município sofre com a seca desde 2009. “Só temos
um carro pipa para atender o município. Na agricultura 90% da produção se
perdeu. O mesmo tem acontecido com o rebanho”, diz Cristina Sodré. Brotas de
Macaúbas não tem recebido os recursos dos governos federal e estadual como
agravante da situação.
O coro em relação ao não recebimento ou
insuficiências dos recursos para combater a seca é geral. Em São Gabriel, a
prefeita Gean Ângela Rocha relata que há três anos o município sofre efeitos da
seca que se agrava cada dia mais. “Três carros pipas do Exército fazem o
abastecimento, porém não é suficiente”, afirma a prefeita. A situação é tão
grave que ela chega a dizer: “Tem pé de juá que está morrendo. Mandacaru
secando. Onde já se viu isto?”.
Em Chorrochó, a população e o rebanho
sofrem também com os problemas gerados pela seca. Desde 2011 o município vem
sendo abastecido com carros pipas. A prefeita Rita de Cássia Campos Souza
trabalha na tentativa de minimizar os efeitos da estiagem, mas confessa que os
recursos são poucos. “Temos vários problemas, um deles é que nossa duas
retroescavadeiras não param. Até porque há necessidade de concertar as estradas
vicinais para que os carros-pipas circulem”.
Governador Mangabeira e
Itanhém sofre a mesma história. A prefeita, Domingas Souza da Paixão relata que
em Governador Mangabeira a falta de água ocorre desde 2009 e que não há como
atender todo o município com os dois carros pipas que o município dispõe. Nas
palavras da prefeita, “é uma calamidade o que está ocorrendo no nosso
município”. Ela argumenta que a economia foi afetada pela redução na produção de
laranja, mandioca.
Para o prefeito de Itanhém, Milton Ferreira Guimarães,
a seca que iniciou há quatro meses já produz prejuízos. Um dos efeitos é o
cancelamento de leilão de gado. O município é o segundo maior produtor de
rebanho do estado. A falta de chuva também reduziu a produção agrícola e, até o
momento, o município não recebeu recurso nem do governo estadual e nem do
federal.